Vídeo mostra pastores embalando compras feitas nos Estados Unidos
O vídeo faz parte das investigações do Ministério Público sobre o esquema de desvio de recursos provenientes do recolhimento do dízimo montado por membros da igreja
Da Redação Multimídia
Um vídeo feito pelo pastor e médico Amadeu Loureiro Lopes – um dos quatro integrantes da cúpula da Igreja Maranata presos na terça-feira (12), e soltos na quarta-feira (20) – mostra dois outros pastores da congregação em um hotel em Boston, nos Estados Unidos, arrumando malas com produtos eletrônicos que seriam trazidos para o Brasil.
Veja o vídeo:
O vídeo – a que A GAZETA teve acesso com exclusividade – faz parte das investigações que estão sendo conduzidas pela Polícia Federal sobre o esquema montado por membros da igreja que viabilizou o desvio de recursos provenientes do dízimo doado por fiéis.
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A Polícia Federal apura também denúncias de que parte dos recursos desviados foram utilizados na compra de equipamentos eletrônicos no exterior, importados de forma ilegal. O material teria sido utilizado na montagem de um sistema de audiovisual para a igreja transmitir seus cultos para templos no Brasil e no exterior.
Na gravação – narrada por Amadeu –, os pastores Arlínio de Oliveira Rocha e Daniel Moreira aparecem retirando os produtos das embalagens originais e guardando-os em malas, para a viagem de volta ao Brasil. Arlínio e Daniel estão entre os 26 membros da igreja investigados no inquérito do Ministério Público Estadual.
Em um determinado momento do vídeo Amadeu chega a se referir à mala de Arlínio como “estufada” e acrescenta: “Já escondeu tudo”.
Amadeu conta, no vídeo, que os pastores estão em Boston para um seminário, e que fizeram as compras para atender a “encomendas”. Entre os produtos há máquinas fotográficas, equipamentos de informática, aparelhos de CD para carros e microfones.
Ele chega a garantir a Arlínio e Daniel que o vídeo não será visto por ninguém, que “nunca sairá da sua residência”.
Além de Amadeu, na última terça-feira foram presos Gedelti Gueiros, ex-presidente da igreja afastado pela Justiça no final de 2012; Elson Pedro dos Reis, atual presidente da igreja, nomeado interventor na instituição no final do ano passado; Carlos Itamar Coelho Pimenta, advogado acusado de organizar uma administração paralela da igreja.
Todos são acusados de ameaçar e coagir testemunhas ouvidas no inquérito que apura o desvio de recursos na Maranata. Fatos que estão sendo apurados pelos promotores de Justiça do Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Tudo dentro da legalidade, diz igreja
Na avaliação da advogada Bárbara Valentim, que faz a defesa da Igreja Maranata, as mercadorias compradas pelos pastores – mostradas no vídeo a que A GAZETA teve acesso com exclusividade – estão dentro da cota individual de compras no exterior permitidas a todas as pessoas. “Cotas individuais de três pastores”, pontua a advogada, em entrevista concedida na semana passada.
Ela destaca que as compras mostradas são de produtos particulares, sem vinculação com as denúncias que vêm sendo apuradas pela Polícia Federal sobre a compra de equipamentos eletrônicos no exterior, importados de forma ilegal. “Não há nenhuma vinculação direta com a igreja”, assinalou Bárbara.
Afirma, ainda, que há uma preocupação com o inquérito que tramita na Polícia Federal. “É um fato grave, que a lei proíbe, mas que cabe à polícia apurar. Não podemos fazer acusações levianas. Em princípio é uma aquisição individual, dentro da legalidade, o que é permitido para qualquer pessoa”, disse.
A advogada explicou, ainda, que o vídeo foi gravado por pastores, em um momento informal, quando se preparavam para deixar o hotel. “Tanto que aparecem vestido de forma inadequada, informais”, explicou Bárbara.
O vídeo foi mostrado a dois pastores da igreja na semana passada: Sérgio Carlos de Souza e Josias Júnior que, segundo Bárbara, é o especialista nos equipamentos audiovisuais da Maranata.
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Fonte: A Gazeta | Gazeta Online